Tuesday, November 08, 2005

Historinha


O Rei comemorava o nascimento de seu terceiro filho enquanto chorava a morte de sua esposa. Comovido com o fato, o mago lhe concedeu três desejos para que fossem usufruídos por cada um de seus filhos ao completarem a maioridade. Sua alteza teria apenas que orientar aos meninos com sensatez às respectivas escolhas. E assim se deu o encanto. No aniversário de dezoito anos de seu primeiro filho o rei logo observou que aquele tinha pedido pela riqueza. Do dia para noite tudo o que fazia se multiplicava em fortunas. Não cabia mais dinheiro em um reino. O rapaz ficou milionário e assim se afastou dos seus, sumiu no mundo. Soube-se que virou um tirano beberrão. O segundo filho passou para a idade adulta com uma orientação maior do pai. Fora bem melhor orientado, principalmente baseado na trágica experiência de seu irmão desertor. Pensou tanto que acabou optando pelo mais obvio. O rei percebeu que aquele moço estava cad dia mais deprimido. Pensava sem parar e sobre tudo refletia. Ele tinha desejado possuir todo o conhecimento do mundo e assim o teve. Não podia mais suportar tanta informação sobre a miséria e a desgraça que assola o ser humano. Tornou-se um jovem rabugento e amargo. Suicidou-se em três semanas. Restou o mais novo dos rebentos que, homem feito, seguro, experiente com tudo o que vivera até então tentou ser ainda mais sensato e comedido de todos. Não pensava em luxos nem em poderes extraordinários. Disse ao pai que seria certeiro em sua decisão. Fez o pedido isolado em seu quarto. Horas depois constataram que havia morrido imediatamente. Inconsolável o rei perguntou ao mago “mas o que ele pode ter pedido que lhe fizera tão mal?”. E o velho enrugado sentenciou, “o menino era bem intencionado, mas queria algo inexistente nesse reino: a felicidade”.

1 comment:

Anonymous said...

A felicidade total não existe. Contentemo-nos com os pequenos pedaços dela que vamos encontrando, ou construindo.
Um abraço.