Friday, March 02, 2007

O papel da mídia

A mídia, tal como a conhecemos hoje, é um fenômeno surgido na segunda metade do Século XX, após a Guerra Fria, e impulsionada pela aceleração do processo de globalização da economia. Trata-se de um composto de meios e veículos de comunicação, de atividades promocionais e de estratégias de marketing que englobam os universos da informação, do entretenimento, das artes e espetáculos e de quantos mais contribuam para o seu objetivo final de produzir riqueza. Por isso, o primeiro compromisso da mídia é com o mercado – ou seja, com o consumo.

Questões éticas só tangenciam a mídia circunstancialmente, quando embutidas nela por componentes secundários, como o bom jornalismo e a propaganda responsável. A mídia não tem valores nem crenças, e muito menos coração. Não se move pelo altruísmo nem pelo impulso do mérito, e morre de rir diante da palavra gratidão. Só se interessa por pessoas ou episódios mundanos com potencial para vender, vender, vender – seja lá o que for. A mídia é um monstro sem alma que seduz bilhões de pessoas todos os dias e as induz a comprar, comprar, comprar – até sem saber por que.

O negócio da mídia movimenta mais de dois trilhões de dólares por ano em produtos e serviços, independentemente da qualidade dos bens oferecidos ao consumo. Como a roda do consumo gira sem parar, se o nível técnico no esporte cair, se a produção musical for medíocre, se a moda for horrível, nada disso impedirá que o consumo cresça de ano para ano. O verdadeiro papel da mídia é manter o consumo em alta, fazendo com que as pessoas não parem de comprar.

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